Institucional

A.A. no Brasil

(…) gostaria de ter alguma participação no crescimento de Alcoólicos Anônimos aqui no Brasil.
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Seu nascimento e desenvolvimento no Brasil

Corria o ano de 1945, um membro viajante norte-americano, de nome Bob Valentine, amigo de Bill W., de passagem pelo Rio de Janeiro, então capital nacional, conhece uma pessoa também americana (não está totalmente definido se era homem ou mulher), com o nome de Lynn Goodale. Após uma conversa com Bob Valentine, Lynn encontra a sobriedade. A Fundação do Alcoólico era a responsável direta pela correspondência de Alcoólicos Anônimos com a sociedade e o elo entre a correspondência de seus membros. Portanto, Bob Valentine, de volta aos EUA, em visita à Fundação, passa-lhe o endereço de Lynn, como possível contato no Brasil.

Prontamente, a secretária da Fundação do Alcoólico escreve-lhe uma carta na qual solicita a confirmação do contato brasileiro, dizendo-se feliz por poder assinalar um ponto na cidade do Rio de Janeiro em seu mapa de contatos no exterior. Ao receber essa correspondência, Lynn responde afirmativamente sobre incluir-se como contato de A.A. no Rio de Janeiro e informa que sua estada no Brasil seria por pouco tempo. Solicita também algum material (memorandos, boletins etc.) e diz:

“Há quatro meses evito o primeiro gole; fazendo algo, creio que manterei minha sobriedade (…) gostaria de ter alguma participação no crescimento de Alcoólicos Anônimos aqui no Brasil.”

A carta de agosto de 1945, assinada por Margareth Burger, então secretária da Fundação do Alcoólico, não altera muito os acontecimentos mas marca o final da correspondência e Lynn Goodale sai de cena. No ano seguinte, a Fundação do Alcoólico recebe a seguinte correspondência, vinda do Brasil:

“Rio de Janeiro, Brasil, 19 de junho de 1946.

Ao Secretário do

A.A. Cosmopolitan Club – Nova Iorque

Prezado Secretário:

Há coisa de um mês atrás o remetente desta esteve em seu Escritório e, antecipadamente prevendo sua mudança aqui para o Rio de Janeiro, solicitou algum contato com um membro de A.A. Fui gentilmente informado do nome de Lynn Goodale – Av. Almirante Barroso nº 91, como tal. Lamento informar que devido ao meu precário português, ou pelo endereço incompleto, fui incapaz de localizar essa pessoa e o auxílio das listas telefônicas locais também foi insuficiente.

Você teria a paciência suficiente (considerando que o correio aéreo regular consome cerca de 29 valiosos dias na ligação Nova Iorque/Rio de Janeiro) de fornecer-me instruções suficiente para contatar essa pessoa ou qualquer outro membro de A.A. no Rio?

Obrigado por seu interesse

Herbert L. Daugherty – Rua Gustavo Sampaio nº 86 – apto. 402

P.S. Você poderá incluir-me como contato para o futuro?”

Tratava-se de Herbert L., um publicitário norte-americano, sóbrio desde 1945, quando conheceu Alcoólicos Anônimos em Chicago, que veio ao Rio de Janeiro, juntamente com sua esposa Elizabeth, para cumprir um contrato de três anos como diretor de arte numa grande companhia internacional de publicidade.

A resposta da Fundação trouxe-lhe o nome de outras pessoas, Don Newton e Douglas Calders, as quais poderiam ajudá-lo; informou-lhe sobre a postagem de um “suprimento grátis de literatura” e trouxe-lhe um pedido de abordagem a um jovem de Recife.

Preocupado em manter sua sobriedade e decidido a começar um Grupo de A.A. no Rio, Herb (como era conhecido) decide escrever à Fundação, meses depois do último contato, dizendo não ter encontrado as pessoas indicadas. Nessa carta, datada de 2 de junho de 1947, Herb também informa que ele e sua esposa já haviam se adaptado bem no Brasil e solicita mais nomes e endereços de possíveis A.A.s no Rio.

“Lynn Goodale e Don Newton deixaram o Rio de Janeiro” – diz a correspondência vinda da Fundação, a qual também traz um pedido preocupado: “Não deixes passar outro ano sem correspondência” – e informa ao casal o novo endereço de Douglas C.

As cartas entre a Fundação do Alcoólico e Herb continuaram. Na próxima, Herb envia um cartão constando seu nome e endereço, cadastrando-se oficialmente como contato de A.A. no Brasil.

Quarenta e sete foi o ano dos acontecimentos que culminaram com o início efetivo de A.A. no Brasil. No mês de julho, Herb recebeu endereço de outro AA residente no Rio de Janeiro e alguns panfletos em espanhol e, em outubro, a Fundação expressa sua felicidade pelo início de um Grupo de A.A. no Brasil.

Contudo, há uma lacuna entre a carta de julho e a de outubro. Foi justamente na época que se inicia o primeiro Grupo.

Primeiro Grupo de A.A. no Brasil

O NÚCLEO DE A.A. DO RIO DE JANEIRO – “A.A. Rio Nucleus”

5 de setembro, por que?

Pouco se tem documentado sobre a formação do primeiro Grupo de A.A. no Brasil. O que se pode afirmar é que esse Grupo inicialmente era formado por norte-americanos a serviço no Rio de Janeiro e que o idioma das reuniões, sediadas nas casas ou apartamentos dos companheiros, era o inglês. A maior dificuldade que Herb teve, aparentemente, foi a de não falar fluentemente o português. Ele queria transmitir a mensagem de recuperação a brasileiros ou a quem falasse fluentemente o nosso idioma, pois sabia que quando de sua volta aos Estados Unidos, provavelmente todo o seu trabalho seria perdido.

Alguns pontos, inclusive a data do início do “A.A. Rio Nucleus” ou Grupo A.A. do Rio de Janeiro, durante tempos foram envoltos em mistério e em controvérsias. Vamos agora fazer uma parada na dissertação e dar uma olhada num fato sobre a formação desse Grupo.

Pudemos observar que o livro de registros do Grupo A.A. do Rio de Janeiro, na data de 29/8/50 traz a seguinte anotação:

“Data – aniversário.

Na reunião de hoje deliberamos comemorar o 3º (terceiro) aniversário da Fundação do Grupo A.A. do Rio de Janeiro no dia 5 (cinco) de setembro próximo.

A referida data ficará, por tradição, como a data oficial da fundação do Grupo.

Rio de Janeiro, 29 de agosto de 1950.

Fernando, secretário.”

Esse registro documentado é a mais clara evidência de que a data de início do primeiro Grupo de A.A. no Brasil foi 5 de setembro de 1947. Infelizmente o secretário não menciona detalhes como: onde foi realizada a reunião inaugural, quem foram os participantes dessa reunião etc.

O mais provável é que nessa data deu-se o encontro de Herb com o primeiro brasileiro que conseguiu manter-se sóbrio em A.A., o companheiro Antônio P., falecido em meados de 1951, quando tentava recuperar-se de um acidente de trabalho.

Trabalho Árduo com os Outros

Crescimento do Grupo Graças à Intensa Divulgação

Na carta de outubro, vinda da Fundação do Alcoólico, e que comentamos anteriormente, há uma sugestão para que o recém formado Grupo trabalhasse firme na divulgação: “… por todos os meios, prossigam com os planos de levar Alcoólicos Anônimos ao conhecimento público. Muitos Grupos têm achado que são de grande ajuda os artigos nos jornais e não há contra-indicações quanto a isso, contando com as Tradições de A.A. – anonimato, propósito, dinheiro etc. (…) Depois de estrondosa abertura à publicidade, um grande número de Grupos tem usado anúncios pequenos informando que estão funcionando e o endereço onde maiores informações poderão ser obtidas.”

Baseando-se, talvez, nessa sugestão, foi que Herb encaminhou uma carta ao Jornal O Globo. O editor ficou muito entusiasmado e o artigo apareceu na primeira página da edição de 16 de outubro de 1949.

“Alcoolistas Anônimos – Uma Sociedade de Fins Meritórios” era o título do artigo que detalhava o funcionamento de A.A.: “Alcoólicos Anônimos é uma sociedade composta por pessoas que tendo sido bebedores inveterados conseguiram livrar-se do alcoolismo e trabalham com o intuito de se ajudarem mutuamente a se manterem sóbrios. Sendo ex-bêbados, não entramos em discussão com aqueles que bebem normalmente ou com os fabricantes de bebidas alcoólicas, nem somos contra essas pessoas. Não temos também, como Grupo, qualquer ligação ou filiação com determinada igreja ou organização missionária ou organização de temperança. Como ex-bêbados, estendemos a nossa simpatia e auxílio a qualquer pessoa de qualquer classe social e de qualquer religião, que tenha perdido o controle sobre a bebida e que, sinceramente, queira abandonar o vício.” Apesar de falar em “vício”, o artigo mostrava também o aspecto “doença”. Mencionava algo sobre o anonimato e o Primeiro Passo e, por fim, solicitava aos interessados que escrevessem cartas à redação do jornal, endereçadas ao núcleo brasileiro de A.A.

O artigo repercutiu e Herb respondeu cerca de dez cartas de pessoas pedindo ajuda e o jornal solicitou outro artigo.

Depois, Herb e sua esposa – que parece ter sido a redatora da maioria das cartas – noticiaram o fato à secretária da Fundação do Alcoólico que, posteriormente, transmitiu as boas novas a Bill W. Nesta mesma correspondência Herb demonstra preocupação em registrar a Irmandade junto ao governo brasileiro e informa ter encontrado Douglas C., com quem já havia feito algumas reuniões.

A manifestação da Fundação, através de sua secretária, Margareth Burger, foi típica de A.A. Lendo a carta de novembro de 1947 pode-se sentir a emoção com que receberam a notícia do progresso brasileiro. Foi aí também a primeira referência sobre a tradução do Livro Grande e de outros folhetos para o português e a informação de que só havia tradução para o espanhol.

Quanto ao “registro” junto ao governo, a funcionária da Fundação disse: “Discuti com Bill W. o assunto do material apropriado para submeter à apreciação do governo brasileiro. Bill acha que vocês podiam explicar às pessoas daí que A.A. não é uma incorporação, mas é simplesmente uma organização sem fins lucrativos cujo propósito primordial é o de ajudar na recuperação do portador da doença do alcoolismo, se ele o desejar. Caso vocês nos dêem o nome para contato com o governo brasileiro, a Junta de Custódios de A.A. poderá enviar a Constituição da Fundação do Alcoólico, que foi fundada para agir como uma espécie de Comitê de Serviços Gerais para Alcoólicos Anônimos.”

Aqui cabe uma pausa. Nesse trecho podemos notar o que Bill W. pensava quando dizia que ele e Dr. Bob eram o elo entre os Grupos e os Custódios da Fundação. No caso desse registro brasileiro, vemos como Alcoólicos Anônimos ainda carecia de uma estrutura e como Bill W. era o consultor direto da Fundação do Alcoólico.

Voltemos aos fatos. Só em abril próximo (1948) a Fundação recebeu a resposta do casal Herb e Libby, como era chamada Elizabeth. Isso, segundo Herb, devia-se ao “tempo e trabalho árduo”. Nessa época havia várias boas-novas: “… contamos com quatro brasileiros. Somos seis, se incluirmos Doug C. e eu mesmo. Esses quatro brasileiros estão abstêmios há seis meses ou mais. Nosso mais novo recruta veio através de uma carta que havíamos escrito a um pastor daqui. Trata-se de um anglo-brasileiro que tem lido tudo que se relaciona com A.A. Traduziu os Doze Passos para o português, ajudou-nos a escrever um artigo para os jornais aqui do Rio de Janeiro e, no momento, está nos ajudando a traduzir um folheto de A.A.”

Nessa época vários artigos já haviam sido publicados em jornais brasileiros e uma matéria foi veiculada num jornal direcionado à comunidade de língua inglesa no Brasil, o Brazil Herald. Eles também estavam com um material novo pronto para publicação, aguardando somente o número de uma caixa postal a ser usada como endereço para correspondência. Além de tudo isso, o recém formado Grupo já havia postado cerca de trinta cartas (sendo a metade em inglês) a médicos, igrejas e outras entidades do Rio de Janeiro e de Belo Horizonte. Enfim, essa correspondência foi tão carregada de progressos que posteriormente a Fundação solicitou sua publicação na Grapevine.

Na correspondência seguinte, vinda da Sede, notou-se a preocupação com a tradução do folheto para o português. Assim, foi solicitado a Herb que encaminhasse um exemplar para análise, bem como cópia de alguns dos artigos publicados nos jornais brasileiros, para apreciação e arquivo.

Nesse mesmo mês, o livrete (ou folheto) de A.A. estava quase totalmente traduzido e a Associação Cristã de Moços (ACM) emprestou uma de suas Caixas Postais a Alcoólicos Anônimos, fato noticiado de pronto à Nova Iorque.

“Linguagem do Coração”

Depoimentos em “preto e branco”

Sem sombra de dúvida, a maior dificuldade encontrada por aqueles pioneiros no Brasil foi o idioma. Os brasileiros que chegavam não entendiam o inglês e os americanos, residentes ou de passagem pelo Brasil, pouco ou quase nada falavam em nossa língua.

Até mesmo Herb, já há dois anos no Rio, pouco dava “colorido” aos seus depoimentos em português – como ele mesmo mencionou. Hoje entendemos que só através da linguagem do coração, aquela que acontece quando um alcoólico fala com outro, é que esses membros se comunicavam. A recuperação, mesmo no Grupo, tornava-se quase um desafio. Sentia-se muito a falta da tradução do livro Alcoólicos Anônimos; em virtude disso, alguém traduzia uma pequena parte e lia a cada reunião.

Com esse quadro de dificuldades, era premente a necessidade de receberem membros que falassem fluentemente os dois idiomas. Talvez por isso, deu-se tanta importância à chegada de Harold, mesmo sendo Antônio P. o primeiro brasileiro a chegar. Vamos relembrar um pouco do encontro entre Herb e o valoroso Harold, numa carta escrita por ele mesmo e publicada na Grapevine em novembro de 1990.

“A história de A.A. do Brasil começa em junho de 1946, quando Herb D., que havia ficado sóbrio há um ano em Chicago – EUA, vem para o Rio de Janeiro com um contrato para trabalhar como diretor artístico de uma empresa americana de publicidade. Como era novato no programa, sua preocupação imediata foi procurar a Irmandade na cidade onde ele viveria por três anos. Alcoólicos Anônimos, entretanto, era desconhecida no Rio de Janeiro, embora Herb tivesse alguns nomes para fazer contato. Visto que nenhum desses companheiros permanecia por muito tempo no Brasil, a Irmandade ainda não havia criado raízes.

Após alguns meses de tentativas, Herb esperou pelo interesse de bebedores-problema brasileiros (e havia muitos no Rio naquela época), para ajudarem-no a manter-se sóbrio e, levando a mensagem, formarem um Grupo no Brasil. Como em todo o mundo naqueles dias, os alcoólico no Brasil eram considerados um estorvo social dos quais o verdadeiro lugar era numa clínica psiquiátrica ou na delegacia de polícia.

Em 1947, Herb conseguiu bebedores brasileiros como ingressantes. Um desses era Antônio P., que parou de beber e manteve-se sóbrio com alguma dificuldade, em virtude da falta de literatura traduzida para o português, até sua morte num acidente em 1951. O outro brasileiro afastou-se. As reuniões aconteciam nas casas de companheiros que estavam sóbrios

O grande apoio a Herb vinha de sua esposa, Libby, uma não-alcoólica que o incentivava muito no seu trabalho de levar a mensagem. Herb tinha uma correspondência volumosa com a Fundação do Alcoólico e conseguiu publicar alguns artigos sobre A.A. nos jornais do Rio.

No início de 1948, graças à boa vontade de um bispo episcopal que estava no Rio, Herb encontrou-se com Harold. Ele era um anglo-brasileiro com um caso de alcoolismo tido como perdido. Tinha servido o exército britânico durante a Segunda Guerra Mundial, retornando ao Rio de Janeiro em 1946. Nesse ínterim, havia perdido vários empregos, fora expulso da casa de seus sogros, perdido sua esposa e, por fim, ido morar no porão da casa de um irmão na cidade de Niterói, do outro lado da Baía da Guanabara. O bispo e o irmão de Harold arranjaram um encontro entre os dois para um sábado.

Nesse primeiro encontro, Herb contou a Harold (que havia bebido a manhã toda) a história de como tinha parado de beber substituindo, gole a gole, a bebida de seu copo por água pura, até que passasse a beber somente a água. Como, após muitas tentativas frustradas, ele tinha sido capaz de evitar encher o copo com bebida alcoólica e, assim, evitar o primeiro gole. Ele falou também sobre o plano das vinte e quatro horas, sobre a melhora em sua vida pessoal e empresarial. Por fim, Herb pediu a Harold que pusesse o sistema em prática e que, quando ele parasse de beber, tentasse traduzir o máximo possível do folheto sobre A.A. que lhe entregara. Herb havia trazido esse folheto dos Estados Unidos. Os dois combinaram encontrar-se na quarta-feira seguinte, no prédio da Associação Brasileira de Imprensa, no centro do Rio, para que Harold mostrasse os progressos tidos com a tradução.

Na data marcada Harold teve um apagamento nas primeiras horas do dia, após ter tomado aquele que seria seu último gole, usando o método sugerido por Herb. Apesar disso, naquela manhã, Harold barbeou-se, tomou banho, vestiu roupas limpas, comeu algo com a família incrédula do irmão e colocou-se a caminho – sóbrio, mas com uma terrível aparência – para encontrar-se com Herb, levando algumas páginas do que tinha traduzido. Os dois encontraram-se no salão de café do prédio e, nesse encontro, um novo período de um mês foi fixado para que Harold, sóbrio, terminasse a tradução. Herb iria mandar imprimir a versão em português. Demorou mais do que o previsto, porém no início de 1949, o panfleto estava impresso e começava a ser distribuído a todos que o solicitavam.

Em junho de 1949, quando Herb retornou aos Estados Unidos, havia um Grupo com doze membros sóbrios que se reuniam regularmente todas as segundas-feiras, à noitinha, numa pequena sala da Associação Cristã de Moços do Rio de Janeiro. Herb, no início, apelidou o Grupo de “Os Doze Desidratados”. Depois foi formalmente chamado de “O núcleo de A.A. do Rio de Janeiro” e, finalmente, ficou com o nome de “Grupo Rio de Janeiro de A.A.”

Harold W.

Data de agosto de 1948 o cadastro de Herb e Harold como membros do “Núcleo A.A. do Rio de Janeiro”, com o número da Caixa Postal cedida pela ACM, e o endereço da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) como local de reuniões.

A Unidade do Grupo

Como Funcionava o Grupo Rio de Janeiro de A.A.

As correspondências da época demonstram claramente o espírito de Irmandade que havia entre os membros do primeiro Grupo de A.A. no Brasil. Os mais antigos demonstravam uma grande preocupação com os novos membros, especialmente com os brasileiros, nas reuniões que aconteciam ora em casa de um membro ora na sede da Associação Brasileira de Imprensa (ABI). Apesar dos vários americanos participantes, era sabido que a maior parte deles estava somente de passagem, a trabalho. Nas entrelinhas de uma carta de 1949, escrita por Antônio P. a Harold, que se encontrava temporariamente no sul do país, observamos a unidade entre aqueles poucos companheiros, quinze ou mais. A carta também falava sobre o problema que tiveram com o tesoureiro do Grupo que havia se afastado com a reserva financeira. A solução encontrada foi uma “coleta secreta” entre os companheiros, para saldar a pequena dívida apresentada e incentivar o retorno do companheiro, o que aconteceu mais tarde. De fato, os problemas de Grupo já existiam, no entanto, as sábias decisões também.

Nesse ano já contava-se com um bom número de brasileiros assíduos no Grupo e várias reuniões eram feitas em português, com tradução simultânea aos que só falavam inglês. Esse fato trouxe tranqüilidade a Herb, pois voltaria à América do Norte dentro de pouco tempo, mais precisamente em junho de 1949. Mas antes que isso ocorresse, foi bem-vinda uma norte-americana, Eleanor, uma das primeiras mulheres AAs no Brasil, talvez a primeira. Ela incumbiu-se logo da correspondência com a Sede em Nova Iorque, bem como da tradução do material recebido.

Em 1950, o Grupo passava por problemas financeiros e recorreu à Fundação para aquisição de alguns livros. Vale notar que a Fundação mantinha uma reserva financeira do Grupo brasileiro, a qual nesse ano foi diminuída pela metade a título de contribuição à Sede de onde periodicamente vinham boletins e cartas. Nessa ocasião foi solicitado também um exemplar do Manual do Secretário. Aparentemente os encargos existentes eram o de tesoureiro e o de secretário, que era uma espécie de coordenador geral.

O Grupo fixou seu endereço à rua Santa Luzia, de onde se mudou após um ano, quando começou a eleger mensalmente um coordenador de reuniões. A impressão do livrete “Como Cooperar para uma Obra Meritória”, segundo número da literatura em português, deu-se nesse período. Era uma cópia fiel do capítulo sete (Trabalhando com os Outros) do Livro Grande, estrategicamente traduzido quando o Grupo precisava crescer para se firmar e originar novos Grupos.

Em 1951 o companheiro Antônio P. sofreu um acidente de trabalho, teve seu pescoço quase degolado e faleceu quando ainda passava por cirurgias plásticas. Antes de sua morte recebeu uma carta de Harold, da qual reproduzimos o seguinte trecho:

“Você é um herói, Antônio, não há dúvida de que entre todos nós você é o AA número um (primeiro)! Pode ser um dos menores por fora, mas dentro dessa alma enorme e forte, cabemos todos nós folgadamente. Sem dúvida alguma você conseguiu o que eu, pelo menos, ainda não alcancei: traduzir e interpretar bem a vontade e as intenções do Poder Superior, e ser forte na certeza de que ele está sempre ao seu lado, podendo enfrentar cada dia com paz de espírito e serenidade. Que Deus lhe abençoe, meu bom amigo.”

Provavelmente Antônio teve dificuldades em se fixar no programa de recuperação devido à linguagem, mas manteve-se firme em suas vinte e quatro horas até o final de sua vida.

A Difícil Tarefa de Divulgar a Mensagem

UM MAL-INTENCIONADO ARTIGO DISTORCE OS PRINCÍPIOS DA IRMANDADE

Tudo o que os iniciadores tinham feito até os idos de 1952 fora transmitir a mensagem. Herb, já em 1947, fora o autor de uma matéria no jornal O Globo. A partir daí uma sucessão de “boa publicidade” aconteceu; foram várias as matérias publicadas a bem de nossa recém forjada Quinta Tradição. Por falar em Tradições, elas haviam sido aprovadas no ano anterior, em Cleveland, e os Grupos de A.A. em geral tentavam seguir esses doze pontos para assegurar o futuro de A.A. Mas como no início da história da irmandade de A.A. nos EUA, aqui no Brasil também tivemos problemas relacionados aos princípios tradicionais.

Uma das primeiras “desavenças” envolveu Harold num artigo que refletiu várias inverdades sobre a irmandade de A.A.: “Os Regenerados do Álcool”, da Revista da Semana.

Provavelmente com finalidade meramente noticiosa ou sensacionalista, a Revista da Semana coloca aos seus leitores um “furo de reportagem” sobre “uma sociedade secreta dos antigos viciados” . Tudo começou com uma farsa.

O repórter iniciou o trabalho de “desvendar o mistério” – usando uma expressão do texto – com telefonemas a Harold W., dizendo-se bebedor inveterado e ansioso por ajuda. Prontamente, como deveria ser, o companheiro marcou um encontro no qual sua primeira pergunta foi: “Quais são os sintomas que você sente quando bebe?” A resposta, o repórter comenta na matéria: “Por um instante ficamos paralisados sem saber o que responder. Da resposta que déssemos a essa insignificante pergunta, dependeria o sucesso da reportagem. Aquelas palavras, ditas à queima-roupa, soavam com violência e ressonância aos nossos ouvidos. Naquele momento estava em jogo todo o trabalho de preparação, os esforços que fizemos para descobrir os responsáveis pela secreta agremiação, o assunto de suma importância para nós, enfim, tudo seria sacrificado se não respondêssemos satisfatoriamente. Havia a necessidade de respondermos ter o malsinado vício, que éramos beberrões inveterados em busca de salvação e amparo. E foi o que fizemos, com êxito.”

A partir daí todos podem imaginar o teor comercial da reportagem. O artigo foi ilustrado pela capa e contracapa do folheto branco, e pela foto de Harold almoçando, fruto de um mirabolante plano. A repercussão na Irmandade não é muito citada nos documentos que dispomos. No entanto, exatamente uma semana após a publicação, Harold escreveu ao diretor da revista consternado por ter sido ludibriado e pela quebra da Tradição do Anonimato. Nessa carta Harold esclarece também os pontos distorcidos na revista. Discorre com detalhes sobre o princípio do Anonimato, sobre nosso propósito único, a respeito da recuperação em A.A. e encerra dizendo: “Se o seu repórter tivesse comparecido e declarado sua verdadeira intenção, eu teria ajudado com o máximo prazer a apresentar uma reportagem que não afetasse desfavoravelmente os princípios da agremiação humilde de A.A. ou dos seus membros, nos moldes das publicadas anteriormente no Brasil por conceituadíssimos periódicos.”

O assunto da reportagem parece não ter ido muito à frente, mas provavelmente ajudou na resolução de se constituir um órgão de serviço de A.A. juridicamente, com registro em cartório.

Em dezembro daquele ano um estranho estatuto, mais as Doze Tradições, foram registrados no Registro Civil de Pessoas Jurídicas. Estranho porque entre as incumbências do secretário geral do Conselho estavam: “Orientar e fiscalizar todos os Grupos e seus membros, evitando qualquer ligação com outras entidades e exploração de qualquer natureza” e “Fazer cumprir as Tradições e estes estatutos.”

Ainda falando em divulgação na imprensa, em 1953, o jornal A Noite, num artigo equivocado, dizia que Alcoólicos Anônimos havia sido fundada no Brasil, naqueles dias, quando o Grupo Rio de Janeiro de A.A. findava sua atividade e já contávamos com outros Grupos, dentre eles o Central do Brasil, formado em 1952. Não obstante, a divulgação continuou, inclusive no rádio. Em 1956, contávamos com cerca de treze Grupos brasileiros registrados no catálogo mundial.

Os Serviços Gerais

1952 – Observa-se pelo descrito que embora incipientes, os Serviços iam lentamente desenvolvendo-se.

Para melhor memorizarmos, vejamos os principais fatos ocorridos:

Em 08/12/1952 foram registrados, como anteriormente citado, os primeiros Estatutos da Irmandade no Brasil;

Foi fundado o Grupo Central do Brasil, que centralizou, durante a década, as atividades de Alcoólicos Anônimos no Brasil;

Noticiou-se a formação dos Grupos em Belo Horizonte(MG), Nova Friburgo(RJ) e Salvador(BA).

No período, houve diversas realizações no que concerne à literatura. Divulgação externa, com programas radiofônicos semanais, com a colaboração, em particular, do saudoso Dr. Paulo Roberto (médico do Rio de Janeiro). Instituiu-se a sacola da Sétima Tradição.

Proliferaram as abordagens, tradução e publicação de literatura, sendo a oficialização e conseqüente direito de impressão negados pelos Serviços Mundiais de então.

Ainda entre os anos de 1952 e 1961, contávamos com 10 Grupos funcionando em todo país, considerando a formação de mais 2 Grupos no Rio de Janeiro, o de São Luiz(MA) e em Juiz de Fora e Itajubá, ambos em Minas Gerais.

1962 a 1968 – Trata-se de um período de relevantes reformas nos Serviços, com a preocupação de se formar novas lideranças, expandir-se com novos Grupos e divulgar a mensagem, inclusive continuando no rádio, onde tivemos uma RÁDIO NOVELA SOBRE A.A.

O Programa Homens, Fatos e Idéias, da rádio Ministério da Educação e Cultura, em junho/62, dedicou-se ao problema do alcoolismo e a Alcoólicos Anônimos. Foi uma espécie de novela falada que se referia à fase crítica de um alcoólico, suas atitudes, seus familiares e sobre A.A., dando ênfase às quinze perguntas (na época), editadas no final do folheto chamado “Branco”. Num momento da história, o narrador interrompe:

“Você que nos ouve poderá ser um completo abstêmio. Poderá ser um leve bebedor social, para quem o álcool não constitui problema. Mas certamente você conhece alguém que não consegue eliminar a própria sede e para quem o álcool é um grande e crescente problema. Apenas no interesse desse seu amigo ou conhecido, a quem estamos tentando levar uma esperança, ouça com atenção algumas das perguntas que A.A. tem a fazer.”

Seguia-se o programa com ilustração dos papéis pelos locutores e uma explicação minuciosa, com breve depoimento, proferido por um membro. Em seguida, após as perguntas, como no atual folheto “Você deve Procurar o A.A.?”, foi lido o resultado que fala das quatro respostas afirmativas. Durante todo o programa foi amplamente divulgado o número da Caixa Postal de A.A. que já não era mais aquela cedida pela ACM, e sim uma alugada desde 1950. De certo, esse programa contribuiu muito para que Alcoólicos Anônimos recebesse vários alcoólicos pedindo ajuda.

Outros Fatos Merecem Realce no Período

Criação das primeiras Intergrupais no Rio de Janeiro, na Paraíba e em Minas Gerais, que pelas suas forças de catalização ensejaram a formação de novos Grupos em todo Brasil: em Recife(PE), Campina Grande(PB); Goiânia(GO) entre outros.;

Surgimento das primeiras reuniões administrativas sistematizadas, grupos temáticos e institucionais, manutenção da divulgação no rádio, salas alugadas, Intergrupais com telefone, primeiros programas na televisão, participação em seminários sociais, reuniões abertas à comunidade, criação e funcionamento de treinamento para Coordenadores de Grupo;

Reforma dos Estatutos existentes, adequando-os às Tradições de A.A.;

Realização da Convenção Nacional de A.A no Rio de Janeiro, em 1965, com a participação de seis Estados e, por motivos de segurança, foi patenteada a sigla “A.A.”;

Criação de um Conselho Administrativo de A.A., composto por membros veteranos, que na mesma data realizou sua primeira reunião, elegendo seus membros e providenciando o registro em cartório, com emissão da 1ª Circular para os Grupos e mandando igualmente publicá-la no Diário Oficial.

Em fins de 1968 existiam no Brasil cerca de 88 Grupos.

A Literatura Oficial no Brasil

O Livro “Alcóolicos Anônimos”

Ao falarmos da Literatura de A.A. e do início das publicações oficiais no Brasil, não poderíamos deixar de dar atenção especial ao fato sobre como aconteceu a publicação do livro Alcoólicos Anônimos em português. Um companheiro de São Paulo, chamado Donald L., se dispôs a traduzir o livro Alcoólicos Anônimos e comunicou-se com o GSO, que respondeu sua carta em outubro de 1966 sugerindo-lhe a tradução dos onze primeiros capítulos, após a formação de um Comitê de Tradução. Informaram-lhe também que a impressão deveria ser feita, após análise, em Nova York. O GSO não permitiu a impressão no Brasil.

Em fins de 1968, Gilberto, um AA brasileiro residente nos Estados Unidos, conheceu Donald L. e conseguiu intermediar as relações entre ele e A.A.W.S. (A.A. World Services, Inc.) órgão responsável pela Literatura Oficial de A.A.

Havendo a concessão para impressão do livro Alcoólicos Anônimos e também do financiamento, a Diretoria de A.A.W.S., através do então Presidente Robert E. Hitchins, enviou correspondência cientificando da decisão, estabelecendo, porém, condições indispensáveis à impressão, quais foram:

  1. que fosse instalado no Brasil, um Centro de Distribuição de Literatura (operacional);
  2. que o livro fosse vendido, no varejo, ao preço correspondente a U$ 2,00 (dois dólares) a unidade aos indivíduos, com possibilidade de ser vendido até o equivalente a U$ 1,75 (um dólar e setenta e cinco centavos) por unidade aos Grupos;
  3. que, posteriormente, quando fosse criado o Escritório de Serviços Gerais de A.A. no Brasil, o Centro de Distribuição de Literatura passasse a se constituir parte integrante daquela organização de serviços;
  4. que uma vez aprovada a proposta em questão, fosse a operação considerada “em confiança”, assumindo a responsabilidade todos os participantes, como reais representantes de todos os membros de Alcoólicos Anônimos no Brasil.

Aceitas todas as condições do A.A.W.S., em abril de 1969 o companheiro Robert E. Hitchins, Presidente dos Serviços Mundiais de A.A., liberou o Direito de Edição e Publicação em Português de 2000 exemplares do livro Alcoólicos Anônimos, ao custo total não superior a US$ 2.000 (dois mil dólares).

O A.A.W.S. estabeleceu ainda, pela concessão, as condições que seguem: 1) remessa ao A.A.W.S. de US$ 0,82 (oitenta e dois centavos) trimestralmente por cada exemplar do livro vendido ou distribuído; 2) advertência expressa no livro de que os Direitos Autorais pertencem ao A.A.W.S., e proteção integral quanto ao citado direito; 3) publicação acima do limite de 2.000 livros dependeriam da necessária autorização; 4) no caso de não serem vendidos nem distribuídos os 2.000 exemplares, notificar ao A.A.W.S. para as providências julgadas de acertos;

À vista das condições enunciadas, em 20/9/69, sob a coordenação do companheiro Donald M. Lazo, foi discutida e aprovada a criação do Centro Brasileiro para edição em português, da literatura de A.A. a partir de originais americanos.

Em 5/11/69, encontrava-se regulamente formalizado o “CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO DE LITERATURA A.A. PARA O BRASIL – CLAAB”, Sociedade Civil de natureza literária sem fins lucrativos.

A publicação do livro Alcoólicos Anônimos, conhecido no Brasil como Livro Azul, proporcionou o intercâmbio oficial entre os Grupos existentes na época e o seu cadastramento, uma vez que o CLAAB ia anotando os endereços, dias e horários de reuniões, conforme as solicitações do livro pelos Grupos, fornecendo-os às pessoas que buscavam ajuda.

A Revista Eclesiástica Brasileira – REB, Órgão Oficial de Comunicação entre a prelazia brasileira e as paróquias, publicou uma elogiosa crítica ao livro, recomendando como instrumento útil na recuperação de alcoólicos. Nessa mesma época, graças a amigos de A.A., tivemos acesso ao saguão da PUC, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, onde se realizava o 4º Congresso Latino Americano de Psiquiatria, local em que foi montado um “stand” com a pouca literatura de que dispúnhamos e os companheiros falaram diretamente com dois mil médicos, explicando-lhes o conteúdo do livro, e oferecendo gratuitamente, exemplares dos folhetos disponíveis. Registrou-se um recorde: duzentos e vinte exemplares vendidos em quatro dias (até aquela data nossa venda não havia passado os vinte exemplares por mês).

Um Breve Retrospecto

1968 a 1975

Início da Estrutura de Serviços no Brasil, alicerçada em quatro itens:

Fundação em 20/09/69, em São Paulo, do Centro de Distribuição de Literatura de A.A. para o Brasil – CLAAB;

Unificação de A.A. no Rio de Janeiro, em 20/06/71, resultando na criação do primeiro Escritório Nacional de Serviços (ENSAA);

Realização do Primeiro Conclave em São Paulo, no carnaval de 1974, quando o CLAAB foi considerado um Organismo Nacional de Serviços de A.A.;

Em 1974 o ENSAA do Rio de Janeiro encerra suas atividades.

Esses acontecimentos serviram de ponto de partida para o extraordinário crescimento da Irmandade, considerando-se que houve um aumento de 468% no número de Grupos, percentual inferior apenas ao período de 1962 a 1968, cujo crescimento foi da ordem de 780%.

Na época foram formados Grupos em Brasília(DF), Porto Alegre(RS) e Campo Grande(MS).

1975 – realizado o 2º Conclave em São Paulo.

O fundamental foi a fundação da JUNAAB, em 29/2/76, instituída consoante carta no seguinte teor:

São Paulo 1º novembro de 1975.

Estimados Companheiros:

A débil chama ateada por Bill e Bob, há quarenta anos, sem dúvida por inspiração divina, é hoje esplendente luzeiro a espraiar seu brilho pelo mando todo, iluminando o caminho de uma infinidade de alcoólatras em serena sobriedade: Pessoas que, unidas pela Fé, pela Esperança e pelo Amor, se empenham, com sincera humildade, em busca de seu aprimoramento espiritual.

No decorrer do quadragésimo ano de existência do A.A. mundial, o CLAAB, por sua diretoria executiva, vem, jubilosamente, congratular-se com os estimados Companheiros pela inestimável contribuição desse valoroso Grupo à expansão e fortalecimento de A.A. no Brasil, augurando-lhes um sempre crescente êxito na tarefa de transmitirem a Sublime Mensagem aos alcoólicos que ainda sofrem. O crescimento e a unidade do A.A. em nosso País é uma esplêndida realidade que muito nos sensibiliza e conforta.

O Brasil, contando atualmente com mais de 500 Grupos, deverá proximamente vencer a última etapa do desenvolvimento da estrutura dos Serviços Gerais, consolidando a união dos AAs de nossa querida Pátria, iniciada no memorável Conclave de Carnaval de 1974, com a reestruturação do CLAAB e posse de sua primeira Diretoria Nacional.

Durante o 2º Conclave, o Conselho Diretor do CLAAB, reunido em Assembléia Geral Extraordinária, no dia 10 de fevereiro deste ano, com a presença de 18 diretores (delegados representando 11 Estados, inclusive o Distrito Federal), deliberou sobre a criação da Junta de Serviços Gerais de A.A. para o Brasil, a ser efetivada durante o próximo Conclave a realizar-se em São Paulo, no Carnaval de 1976.

A Junta, à qual o CLAAB ficará subordinado, deverá inicialmente, ser constituída pelos atuais Delegados Estaduais eleitos para o biênio 1975/76, mais os que vierem a ser eleitos para o biênio 1976/77.

A criação da Junta propiciará melhor distribuição dos encargos executivos, com o imprescindível desmembramento das funções ora atribuídas apenas aos dois membros da diretoria executiva do CLAAB, o que trará a desejada e necessária eficiência na execução dos serviços, mormente quanto à presteza no atendimento da correspondência.

A propósito, pedimos muitas desculpas aos estimados Companheiros por nossa aparente desatenção com relação à correspondência, tal como cartas não respondidas ou respondidas com atraso, falhas que lamentavelmente não temos conseguido superar, não obstante nossa dedicação e sincera vontade de servir. Cumpre-nos, outrossim, informar o seguinte:

A imprevista mudança do escritório – por terem os locadores, não obstante haverem prometido uma prorrogação do contrato, solicitado a entrega da sala – acarretou despesas extraordinárias de não pequena monta, com a aquisição de estantes e móveis, pois os que guarneciam o escritório pertenciam aos locadores.

Foram feitas novas impressões dos quatro folhetos e contratada uma nova edição do Livro Grande, que deverá ser-nos entregue em dezembro, conforme prometido pela editora.

Por esses motivos e pelo fato de diversos Grupos e alguns AAs individualmente, inclusive pretensos líderes, terem deixado de pagar literatura que solicitaram para pagamento a curto prazo, desequilibrando, assim, nossas previsões financeiras, fomos obrigados a adiar a publicação de “O Grupo”, cujo lançamento será feito, o mais tardar, até a Carnaval de 1976.

Por outro lado, temos a satisfação de, com nossos agradecimentos, registrar as contribuições dos Grupos relacionados em anexo, as quais, neste ano, atingiram a soma de Cr$ 3.275,40.

Apraz-nos, também comunicar que a dívida do CLAAB para com o G.S.0. está reduzida a apenas US$391,45.

A criação da Junta de Serviços Gerais nacional é o passo decisivo para a afirmação da maioridade de Alcoólicos Anônimos no Brasil. Por isso apelamos para que todos os Grupos cooperem com seu prestígio em prol da unidade do A.A. brasileiro, nenhum deles se omitindo nas próximas eleições para a escolha dos delegados estaduais.

Que o Poder Superior guie e ilumine a todos nós!

Fraternalmente

P/ CLAAB

Arlindo Mello Bianchi Waldomiro de Oliveira

Diretor Executivo-Secretário.

1976

O chamamento foi atendido mediante a presença de 16 Estados e participação de 27 membros – Delegados Estaduais – que somados aos membros do Conselho Diretor do CLAAB, reuniram-se no salão geral do Hilton Hotel em São Paulo capital, aos 20 (vinte) dias do mês de fevereiro de 1976, assinando o livro próprio de presença, sob a Presidência do companheiro Sigoulf Rau, e tendo como secretário o companheiro Luiz Alves de Araújo Filho, indicados pela Assembléia que se instalava para a instituição da Junta de Serviços Gerais de Alcoólicos Anônimos para o Brasil – JUNAAB, que após a leitura, ampla discussão e as devidas emendas, foram aprovados os tão esperados Estatutos.

No bojo dos Estatutos foram transcritos os Doze Passos e as Doze Tradições, enquanto nos seus artigos, parágrafos e itens regulamentavam o funcionamento da Junta de Serviços Gerais de Alcoólicos Anônimos do Brasil – JUNAAB, consubstanciando que: é uma sociedade civil, sem fins lucrativos de duração indeterminada, com Fórum na Capital da cidade de São Paulo, regendo o seu Estatuto nas disposições legais que lhe forem aplicadas. Tem como objetivo promover a Unidade e continuidade da irmandade de Alcoólicos Anônimos no Brasil.

O Estatuto dispõe que são Órgãos da Junta de Serviços Gerais (JUNAAB) uma ASSEMBLÉIA GERAL; uma DIRETORIA e o CLAAB:

Embora o CLAAB seja subordinado a Junta, é um órgão distinto e autônomo, legalmente constituído, com Estatuto próprio sujeito as disposições aplicáveis em lei, formado por uma Diretoria e um Conselho Fiscal.

A Ata relativa a Instituição da Junta de Serviços Gerais de A.A. do Brasil e respectivo Estatuto foram registrados sob nº 2.519, dia 20/6/76, no Cartório de Registro de Pessoas Jurídicas de São Paulo Capital, enquanto os Estatutos e Ata da Constituição do CLAAB aprovados em 1/3/76, acham-se registrados no 1º Registro de Títulos e Documentos de São Paulo, em data de 30/6/76, sobre o nº 2.548 e anotado sob o número 19.671, Livro A nº 19 do Registro de Pessoas Jurídicas. A Assembléia que criou a JUNAAB, credenciou o A.A. brasileiro a enviar dois representantes para a 4ª Reunião Mundial de Serviços (hoje RSM), em Nova York, em outubro de 1976.

1977 – Primeira Conferência de Serviços Gerais no Brasil

Nos dias 05 e 06/04, reuniram-se em Recife(PE) a Junta de Serviços Gerais de A.A. do Brasil em Assembléia Geral Ordinária. Cumprindo as formalidades de abertura, seguiu-se o item 3 da Ordem do Dia, aprovando-se que os trabalhos se desenvolvessem tal qual uma Conferência de Serviços Gerais, formada por Delegados estaduais, pelos membros da JUNAAB e Diretores do CLAAB, que integraram as Comissões, em número de quatro: Agenda, Literatura e Publicações, Finanças e Política e Admissões, iniciativa fruto da experiência trazida da Reunião Mundial pelos dois representantes brasileiros.

Assim é que, desde a aprovação do primeiro Estatuto da JUNAAB e o início dos Serviços Gerais, havia convicção de que essas iniciativas eram temporárias e objetivavam a obtenção de ações de maior alcance e definição. Isso já demonstrava uma recomendação da 1ª Conferência para que os Delegados Estaduais indicassem nomes de membros de A.A. com mais de 10 anos de sobriedade contínua, para servirem como Custódios, e de pessoas não alcoólicas, bem relacionadas com a Irmandade, para funcionarem como membros da JUNAAB – note-se que tais pessoas não foram mencionadas como futuros Custódios não alcoólicos.

Nessa mesma ocasião, Órgãos de Serviços Locais já existentes, se formalizavam estruturalmente e compartilhavam através do recém ativado Boletim BOB, informativo da JUNAAB, as suas experiências. Ainda sinalizando progresso estrutural, este Boletim publicava informações e esclarecimento sobre os Serviços Gerais, particularmente as atribuições do Delegado Estadual e do RSG.

Recomendou-se que o Conclave Nacional de A.A. fosse realizado a cada dois anos, preferencialmente nas capitais, e a Conferência de Serviços Gerais anualmente, alternando com o local do Conclave e a sede de Serviços Gerais – São Paulo/Capital.

1978

Acontecia a 2ª Conferência de Serviços Gerais em Belo Horizonte(MG) e o 5º Conclave, de 20 a 22/03, que adiou os procedimentos para reforma estatutária para posterior deliberação.

1979

A 3ª Conferência de Serviços Gerais ocorreu de 12 a 14/04 em São Paulo, salientando a Constituição de uma Comissão Especial e Permanente para a Reforma Estatutária, cujo trabalho findaria em dezembro de 1981 e seria apresentado na 6ª Conferência de Serviços Gerais.

1980

Em Porto Alegre, de 31/03 a 03/04, acontecia a 4ª Conferência de Serviços Gerais, que confirmou e reforçou a Comissão Especial e Permanente para Reforma Estatutária nos termos da Conferência anterior. Simultaneamente realizava-se o 6º Conclave Nacional.

Alertava ainda aos Grupos, quanto às traduções e publicações que corriam a revelia do CLAAB e demais organismos de serviços, sendo repassadas aos Grupos e a companheiros individualmente, em desrespeito aos direitos autorais. Literatura essa, considerada clandestina (pirata).

1981

Nos dias 16 a 18/04 reuniu-se a 5ª Conferência de Serviços Gerais em São Paulo e, como mencionado, recomendou o desmembramento Administrativo Financeiro e Físico do CLAAB/ESG, ficando o CLAAB apenas como distribuidor de literatura de A.A. para o Brasil, enquanto o ESG assumiria de fato os Serviços Gerais (Executivo) de A.A. em nível nacional.

Em 07/11 foi inaugurada a nova sede do ESG, que se desmembrou do CLAAB, constituindo Estatuto próprio, com registro no Terceiro Cartório de Registro Civil de Pessoas Jurídicas de São Paulo, sob nº 27.091, em 02/10/81, sob denominação de “os Estatutos de Alcoólicos Anônimos do Brasil Escritório de Serviços Gerais S/C. AABESG”, que funcionou à Rua Itaipu, 31 – Praça da Árvore – Vila Mirandópolis. Na época, cogitou-se até em adquirir sede própria, o que não aconteceu (felizmente para o nosso bem e para A.A. como um todo).

Ainda neste ano os Conclaves passaram a denominar-se Convenção, por melhor adequar-se à irmandade de Alcoólicos Anônimos.

Registrou-se a uniformização do emblema (símbolo de A.A.), tendo na base do triângulo o 1º Legado – RECUPERAÇÃO; no lado esquerdo o 2º Legado – UNIDADE; no lado direito o 3º Legado – SERVIÇO; e suprimindo do emblema a palavra RESPONSABILIDADE, que não é Legado. Também houve a oficialização das cores brancas e azul para o pavilhão (Bandeira), inserindo-se nosso Símbolo conforme apresenta nossa bandeira atual (o símbolo em azul).

1982

Face as ações havidas nos anos anteriores, nesta 6ª Conferência e 7ª Convenção, realizadas de 05 a 09/04, em Fortaleza(CE), foi discutido e aprovado o tão almejado Estatuto da JUNAAB, que possibilitaria a Alcoólicos Anônimos no Brasil exercitar a ESTRUTURA TRADICIONAL DA IRMANDADE e instituir a Junta de Custódio, composta de seis membros de A.A. e três não alcoólicos.

Recomendou-se também, a tradução e versão do Manual de Serviços Americano/Canadense, para nosso uso experimental e conseqüente adaptação à realidade brasileira.

1983

Na 7ª Conferência de Serviços Gerais em São Paulo, realizada de 30/3 a 1/4, foram eleitos os primeiros Custódios do Brasil, em número de nove, conforme o previsto, sendo três não alcóolicos e seis alcóolicos membros da Irmandade, oriundos dos Grupos, todos para serem empossados na oitava CSG, em 1984.

O encargo de Custódio era questionado porque muitos AAs receavam o comportamento dos não alcoólicos, principalmente no que concerne à condução dos negócios da JUNAAB e nas relações com os Grupos em geral.

Historicamente, os Custódios em A.A. surgiram com a Fundação do Alcóolico, na América do Norte, e precederam a estrutura da Conferência de Serviços Gerais daquele país, que podia receber doações de fora e os doadores abaterem do Imposto de Renda as quantias doadas. Com advento dos princípios, em particular das Tradições, a aceitação dessas contribuições foram abolidas.

Com a publicação e divulgação do Manual de Serviços, em 1983, algumas Áreas iniciaram a implantação experimental da Estrutura de Serviços Gerais, resultando na participação e aceitação dos RSGs. De sorte que nessa Conferência houve abertura para explanação sobre a experiência levada a efeito por essas Áreas, documentada por trabalho escrito e entregue à Junta de Serviços Gerais.

1984

O acontecimento relevante dessa 8ª Conferência de Serviços Gerais, acontecida de 16 a 19/4, conjuntamente com a 8ª Convenção, em Blumenau(SC), foi a instalação da Junta de Custódios, com a seguinte constituição: Presidente da Junta de Custódios – Dr. José Nicolielo Viotti, Custódio Classe A; Jefferson Baptista de Carvalho – 2º Vice-presidente, Custódio classe B; 1º Tesoureiro – Professor Joaquim Luglio, Custódio Classe A; 2º Tesoureiro – Adauto de Almeida Machado, Custódio Classe B; Secretário Geral – Waldir Ferreira Gonçalves, Custódio Classe B; 2º Secretário – José Washington Chaves, Custódio Classe B; Custódios Adjuntos – os companheiros Lúcio Antônio Pinto, Eduardo Guimarães, Custódios Classe B.

Nessa Conferência, houve a abertura para explanação em plenário sobre a constituição da estrutura de Serviços Gerais de A.A. na Área de Minas Gerais, feita pelo coordenador da Área, documentada mediante trabalho escrito e entregue a Junta de Serviços Gerais naquela oportunidade. A experiência mineira motivaria os demais Estados – Áreas – a trabalhar para, igualmente, implantar a estrutura preconizada.

1985

O Serviço de A.A. ganha força e vigor com a formação da Junta de Custódio que passa a reunir-se em Baependi(MG), sob a Coordenação do seu Presidente não-alcoólico, tendo como convidados representantes nacionais sem caracterização de encargos.

Na 9ª Conferência realizada em São Paulo, de 1 a 4/4, a Presidência da Junta, entre os vários informes, ressalvadas as dificuldades e aproveitando experiências de companheiros que anseiam em colaborar, cita a criação dos seguintes Comitês de Serviços da Junta: Finanças, Informações e Relações Públicas, Cooperação com a Comunidade Profissional, Instituições Correcionais, Arquivos e Conferência.

Nessa Conferência foi proposta e aprovada a criação de uma Comissão Especial para Reforma do Manual de Serviços de A.A. para o Brasil, composta de dois membros da Área de Minas Gerais, dois da Área de São Paulo e dois Custódios Regionais, um da Região Sudeste e outro da Região Centro-Oeste.

Abrimos um parêntese para a questão “Dinheiro”

Conquanto, a introdução da Sacola da 7ª Tradição tenha ocorrido no Brasil em 1952, a auto-suficiência sempre foi precária, quase nenhuma.

O desconhecimento dos princípios básicos, e o constante crescimento da Irmandade no país, nos seus aspectos dinâmicos e doutrinários estiveram sempre à mercê do arbítrio e interpretação dos líderes da época, que se incumbiram de propagar, o que persiste ainda hoje, que em A.A. não se paga nada – ninguém é obrigado a nada – direcionando enganosamente a liberdade democrática oferecida pela Irmandade, que sugere que o membro para se recuperar deve submeter-se aos princípios. Logo, o próprio membro deve obrigar-se, participando das reuniões, vivenciando os Doze Passos, exercitando as Tradições, entre elas a Sétima, no sentido espiritual e material – doando-se espontaneamente, inclusive com dinheiro.

Devido a essa falta de informação, membros de nossos Órgãos de Serviço viajaram por todo o Brasil, conscientizando, divulgando a Literatura, ao mesmo tempo que angariavam fundos para a sustentação de nossos Escritórios – CLAAB/ESG.

A Revista

Uma revista brasileira de A.A. que servisse de divulgação ao público sempre foi desejada desde os primeiros Conclaves ( hoje Convenção). Nos dias 17 a 19/8/85 a JUNAAB, na 2ª Reunião de Serviços Nacionais realizada em Baependi(MG), por sugestão dos Comitês, inclusive os membros dos recém oficializados Comitês de Finanças e de Literatura, elegeu uma diretoria e autorizou uma edição experimental: seria o número “Zero”, marco inicial da revista, lançada em novembro do mesmo ano, em Campo Grande(MS), quando do Seminário da Região Centro-Oeste, com o nome de Revista Brasileira de A.A.

A revista foi um sucesso total e os 5.000 exemplares editados foram quase todos vendidos em tempo recorde. A revista era viável. Devido a problemas técnicos e editoriais, consoante apreciação e parecer do Comitê de Literatura da Junta, a Revista Brasileira de A.A. foi transferida para ser editada e publicada em Brasília, sob nova direção., com o nome de “Vivência”. Adquiriu um formato bem menor, quase de bolso e instituiu-se a assinatura anual . Procurava-se resolver os problemas emergentes . A revista crescia.

Instalada em Fortaleza(CE) desde l990, passou de 1500 para 4000 assinaturas. A partir de 1993 passou a ser editada em São Paulo com tiragem de 8000 exemplares. A partir da 1ª edição do ano de 1994, passou a ser editada a cada dois meses. A “assinatura cortesia” foi apresentada pela primeira vez no Editorial da Revista nº 33 que também trazia um cupom “cortesia” impresso em suas páginas. Atualmente, a Revista Vivência conta com cerca de 7.000 assinantes assíduos e uma tiragem de 10.000 exemplares.

Até a última revisão do Manual de Serviços, ocorrida em 1995, onde foram reformulados os Estatutos da JUNAAB, a Vivência manteve-se como empresa separada, com Diretoria própria, assim como ocorria com o extinto CLAAB. No entanto, após essa revisão estatutária, os três Órgãos de Serviços da JUNAAB fundiram-se numa única empresa e a Revista passou a ser de responsabilidade de um novo Comitê da Junta – o Comitê de Publicações Periódicas (CPP) – responsável também pela publicação do BOB Mural.

1986

A 10ª Conferência e 9ª Convenção ocorreram de 24 a 26/3, em João Pessoa(PB). Recomendou-se a sistemática de contribuições proporcional para os Órgãos de Serviço, assim distribuídas: 60% para Centrais/Intergrupais; 25% para o Comitê de Área e 15% para a JUNAAB.

1987

Em São Paulo acontece a 11ª Conferência de Serviços Gerais, de 16 a 18/4, tendo como assunto de destaque a apreciação do anteprojeto do Manual de Serviços, adaptado à realidade brasileira, transformando-se a Reunião Ordinária em Extraordinária.

1988

A 12ª Conferência e a 10ª Convenção, realizaram-se nos dias 27 a 29/3, em Curitiba(PR). O assunto prevalecente referiu-se à reforma dos Estatutos da Junta, seguido das eleições de Custódios, Delegados à RSM e apresentação dos relatórios dos Organismos de Serviços da Junta. Fato inédito foi a introdução de uma Comissão de Avaliação da Conferência.

O A.A. Brasileiro assumiu compromissos de apadrinhamento de países africanos como Angola, Moçambique, Guiné, Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, segundo relatou nosso Delegado à RSM. Esclareceu também que quanto a Portugal o trabalho está se desenvolvendo a contento e que, de acordo com informes do CLAAB, já adquiriram mais literatura do que nove de nossas Áreas.

Os estatutos da JUNAAB, com nova redação e analisados todos os capítulos, foram aprovados por unanimidade pela plenária em sessão extraordinária. Isso posto, incontinente, foi colocado em discussão e aprovação o Regimento Interno da Conferência de Serviços Gerais, que identicamente foi aprovado.

1989

A 13ª Conferência foi realizada em Santos(SP), nos dias 22 a 24/3. Mais uma vez tivemos propostas de Reformas dos Estatutos, justificadas para atender às exigências fiscais, considerando que o ESG estava registrado indevidamente como personalidade jurídica, com CGC, quando esta característica deveria ser da JUNAAB. Não obstante protestos da minoria, as alterações foram aprovadas com introdução do Regulamento da Revista Brasileira de A.A. – Vivência. Houve proposta para a revisão do Manual de Serviços, de modo que foi criada uma Comissão composta de quatro companheiros, sendo três Delegados de Área e um Custódio.

1990 

Realiza-se em Belém(PA) a 14ª Conferência de Serviços Gerais nos dias 08 a 12/4, simultaneamente com a 11ª Convenção. Foi recomendado que nos anos entre as Convenções, as Conferências fossem realizadas na Área Metropolitana da Cidade Sede ou sua circunvizinha (até 200 Km.).

Em apreciação pela Plenária, o Manual de Serviços, com a revisão elaborada pela Comissão Especial de Reforma, foi sugerido e acatado a supressão dos Capítulos I, este com a ressalva de permanecer o RSG, e o VI, de título “AS CENTRAIS ESTADUAIS DE SERVIÇOS – CENSAAs ” para ser examinado separadamente, num Encontro Nacional de Centrais/Intergrupais.

O anteprojeto de Reforma do Estatuto da JUNAAB, após discussões e emendas, foi finalmente aprovado, em 13/4 e registrado posteriormente como personalidade jurídica, em Cartório para esses fins.

A Junta tratou de estruturar o Escritório de Serviços Gerais – ESG, de modo que, como Secretaria Executiva da Junta, possibilitasse o intercâmbio não só entre a comunidade A.A. mas também com a comunidade não A.A., transmitido e levando a mensagem da Irmandade.

Para tal fim foram compostos os Comitês relacionados a seguir:

  • Comitê de Assuntos da Conferência (CAC);
  • Comitê de Finanças (CF);
  • Comitê Trabalhando com os Outros (CTO);
  • Comitê de Informação ao Público (CIP);
  • Comitê de Cooperação com a Comunidade Profissional(CCCP);
  • Comitê de Literatura (CL);
  • Comitê Institucional (CI):
  • de Instituições de Tratamento;
  • de Instituições Correcionais;
  • Todos esses Comitês com atribuições definidas.

Cinco Anos Depois

Plano de trabalho apresentado pela Conferência 

  • Comunicação;
  • Modernização;
  • Departamento de Vídeo e Som;
  • Arquivo;
  • Estrutura Nacional;
  • Finanças;
  • Reuniões da Junta ;
  • Instalações Adequadas;
  • Custódio Classe “A” Ação;
  • CLAAB ;
  • Vivência;

Bob.

A partir daí os textos das apostilas constituem a História dos Serviços de A.A. no e do Brasil, acrescidas de informações referentes ao A.A. Mundial.

Encontro de Centrais e Intergrupais

No 4º Encontro desses Órgãos de Serviços, realizado em Volta Redonda(RJ), nos dias 13 e 14/10/90, com o objetivo inicial de se criar um Guia de Normas e Procedimentos que evitasse pontos polêmicos no funcionamento, formou-se uma Comissão e se estipulou tempo para apresentação de sugestões.

O 5º Encontro deu-se em Porto Alegre(RS), dias 31/5 e 1/6/91. Considerando que as atividades de CTO estariam afetas às CENSAAs/ISAAs, portanto atribuições dos RIs, que compõe seus Conselhos de Representantes (CRI), formaram-se os Sub-Conselhos (SubCRIs), com um Coordenador denominado Coordenador do Sub-Conselho (CSC), nas unidades geográficas dos Comitês de Distrito para tratar da divulgação da Irmandade, enquanto os RSGs e MCDs cuidariam de preparar o Grupo para receber os visitantes, alcoólicos e não alcoólicos, em cumprimento à Quinta Tradição.

No 6º Encontro nos dias 19 e 20/6/92, em Fortaleza(CE), após as discussões e emendas, o Guia Nacional de CENSAAs e ISAAs foi aprovado e confirmado na 17ª Conferência de Serviços Gerais em Santos(SP), dias 6 a 9/4/93, sendo publicado em agosto do mesmo ano.

Nascimento da Conferência de Serviços Gerais no Brasil

A primeira Conferência de Serviços Gerais do Brasil teve lugar em Recife(PE) nos dias 05, 06 e 07 de abril de 1977 e foi organizada nos moldes da IV Reunião Mundial de Serviços (Nova York, de 06 a 09 de outubro/76), quando o Brasil se fez representar pela primeira vez.

Esta representação resultou da criação da JUNTA NACIONAL DE ALCOOLICOS ANONIMOS DO BRASIL (JUNAAB), em 29/2/76, em São Paulo (durante o III Conclave Nacional), que já contava com 29 Delegados Estaduais, representando 15 Estados e o Distrito Federal, oriundos do antigo Conselho Diretor do CLAAB.

Um recém-chegado aprende imediatamente a importância do trabalho do Décimo Segundo Passo, que serve para assegurar a sobriedade de quem leva a mensagem e como opção para quem a recebe. De imediato percebe que o referido trabalho é ampliado para dar origem a Intergrupais, Centrais de Serviços e aos Comitês de Áreas e Distritos, bem como aos Órgãos de Serviços Nacionais.

Os SERVIÇOS em A.A., são vitais para o crescimento da Irmandade, uma vez que vêm suprir as necessidades que transcendem ao indivíduo, ao Grupo e aos Órgãos de Serviços.

A CONFERÊNCIA é, portanto, a manifestação da consciência coletiva dos Grupos através de toda uma cadeia de representatividade, iniciada pela ação dos Grupos elegendo seus RSGs, passando pelos MCDs, Comitês de Áreas e Delegados de Área, terminando na Junta de Serviços Gerais. Para tanto, necessitam-se de contribuições voluntárias em dinheiro, vindas dos membros da Irmandade, para que haja um bom funcionamento.

A Conferência de Serviços Gerais é a depositária da Consciência Coletiva dos Grupos de A.A. e o órgão máximo e soberano de deliberação da irmandade de Alcoólicos Anônimos no Brasil.

PARA QUE A CONSCIÊNCIA COLETIVA SE MANIFESTE CORRETAMENTE, É NECESSÁRIO A PARTICIPAÇÃO DE TODOS, EM TODOS OS NÍVEIS DE SERVIÇOS, DE FORMA QUE A INFORMAÇÃO CHEGUE DE MODO CLARO, LÍMPIDO, RÁPIDO E PRECISO.

aa no brasil

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